segunda-feira, 18 de maio de 2009

É o fim que confere o significado ás palavras


"É o Fim que Confere o Significado às Palavras. Apenas as palavras quebram o silêncio, todos os outros sons cessaram. Se eu estivesse silencioso, não ouviria nada. Mas se eu me mantivesse silencioso, os outros sons recomeçariam, aqueles a que as palavras me tornaram surdo, ou que realmente cessaram. Mas estou silencioso, por vezes acontece, não, nunca, nem um segundo. Também choro sem interrupção. É um fluxo incessante de palavras e lágrimas. Sem pausa para reflexão. Mas falo mais baixo, cada ano um pouco mais baixo. Talvez. Também mais lentamente, cada ano um pouco mais lentamente. Talvez. É-me difícil avaliar. Se assim fosse, as pausas seriam mais longas, entre as palavras, as frases, as sílabas, as lágrimas, confundo-as, palavras e lágrimas, as minhas palavras são as minhas lágrimas, os meus olhos a minha boca. E eu deveria ouvir, em cada pequena pausa, se é o silêncio que eu digo quando digo que apenas as palavras o quebram. Mas nada disso, não é assim que acontece, é sempre o mesmo murmúrio, fluindo ininterruptamente, como uma única palavra infindável e, por isso, sem significado, porque é o fim que confere o significado às palavras. "


Samuel Beckett, in 'Textos para Nada'

domingo, 17 de maio de 2009

Escrita absurda!

Gosto de observar as expressões de quem me observa; uns fazem cara de enjoados por verem uma estranha com calças ás riscas e um tanto quanto despenteada, outros riem-se timidamente e olham-me nos olhos com um ar divertido, as velhotas, essas são as que melhor expressões fazem, expressões de quem está confuso com alguma coisa, estas velhotas tais como as crianças não conseguem esconder aquilo que pensam á cerca do que observam em mim acabando por me transmitir isso sem darem conta.
Enquanto eles me observam, eu escuto-os, e ouvi um pequenote a pedir em forma carinhosa ao pai que lhe conta-se uma historia, então o pai perguntou-lhe se poderia ser o lobo mau e a branca de neve, o pequeno em ar aborrecido manifestou-se "Pai tem sempre de ser o lobo mau? Ele nem sequer conhece a Branca de Neve!", sem demora o pai remediou dizendo "Então e se for a Branca de Neve e os 3 anões?", ai o pequeno apenas acenou que sim e o pai começou a história.
A única coisa que odeio ver nos consultórios é pessoas a lerem revistas cor-de-rosa do século anterior, faz-me confusão como o conseguem fazer, ler aquilo que a sociedade quer! Porque não trazer um bom livro e cultivar-se um pouco?!
Ao meu lado uma senhora Hippie de meia idade com o seu cabelo grisalho enfiado numa trança lendo um livro sobre medicina tibetana....Cansei-me de ser observada!
Levanto-me e vou á maquina do café, buscar um daqueles cafés fracos e sento-me á porta do consultório a bebe-lo acompanhado de um cigarro e mais uma vez fui observada e comentada por um "que falta de respeito!"

sábado, 16 de maio de 2009

Um pouco de mim

Dizem que sou uma pessoa alegre, divertida, sempre com um sorriso nos lábios para oferecer, mas…será que sou assim mesmo?! Quando olho para mim, não acho que a pessoa que demonstro ser, seja eu verdadeiramente, mas mais um refúgio das minhas mágoas para ninguém perceber o que se passa comigo, porque talvez, se soubessem, sentiriam pena. Uma pena que não suporto, nem quero que sintam. A minha historia repete-se dias e dias a fio, sem nunca mudar… as vezes quando penso que agora chegou a hora de tudo tomar um rumo diferente, há algo que faz com que a história se repita, sabendo sempre qual vai ser o seu final, voltando sempre à agonia que sentia, ficando sempre no buraco que tento sair à anos e que nunca consegui sair completamente, talvez por haver mais pessoas nesse buraco que eu quero trazer comigo, ou talvez porque ainda não consegui mesmo. Os anos passam e eu continuo sempre no mesmo barco, navegando sem rumo, querendo chegar a um porto seguro, mas sem resultado. Os portos que sempre vi foram miragens... Até quando vou conseguir tomar conta deste barco? Até quando vou ter forças para acalmar a tripulação dizendo que já falta pouco, que desta vez vou achar a solução? Quando é que vai acabar as mentiras? Quando é que vamos ser sinceros e perceber que se isto continuar assim, o barco cada vez vai afundar-se mais até a um ponto em que não haverá mais retorna? Só peço um momento de paz, que se esqueçam de mim por uns dias, que simplesmente esqueçam que eu existo. Já sei que agora existe muitas pessoas que me ignoram, que simplesmente eu não existo, que sou apenas um viajante clandestino que nunca deveria estar ali. A minha cabeça é tão confusa, por um lado quero que se esqueçam de mim mas por outro lado quero que me acolham, que me protejam dos perigos, que cuidem de mim. Que me abracem quando preciso, que me dêem um ombro para eu agarrar e chorar, já que não o posso fazer na presença das pessoas que estão comigo no mesmo barco. Tenho que ser a mais forte de lá, porque se não for, o barco afundar-se-á de certeza e aí, se isso acontecer eu acabarei por morrer nesse preciso instante. Por dentro e por fora eu morrerei, a minha vida não terá nenhum sentido. Não conseguirei mudar esta história sozinha. Sem mim o barco afunda e eu sem ninguém nunca conseguirei levar o barco para um porto seguro. Dizem que sou uma rapariga positiva, mas… sou apenas uma rapariga que tenta encontrar a felicidade...